Se existe uma situação que sempre me incomoda é o fato de precisar fazer o tal “marketing” para que as pessoas saibam dos meus serviços. O problema não é o marketing em si, mas o quanto precisamos entrar em uma lógica de mercado que, muitas vezes, não é tão simples quando se trata de psicologia.
Quando procuramos por ajuda psicológica, é óbvio que esperamos algum resultado e, geralmente, é alívio do sofrimento. Não é errado esperar que o acompanhamento psicológico produza mudanças significativas rapidamente, afinal, Psicologia é ciência e há muitas práticas sendo desenvolvidas. No entanto, não podemos esquecer do principal: psicoterapia, independente de referencial teórico, depende de duas pessoas, psicólogo e paciente.
Não pretendo me estender muito no que diz respeito ao que o profissional de psicologia deve fazer para oferecer um bom serviço, porém preciso dizer algo que é frequentemente esquecido pelos profissionais ao fazer marketing: não podemos garantir resultados. Isso é uma diretriz do código de ética
“Art. 20 - O psicólogo, ao promover publicamente seus serviços, por quaisquer meios, individual ou coletivamente (...) e) Não fará previsão taxativa de resultados”.
O trabalho do psicólogo depende de muitas variáveis: contexto histórico, social, econômico, dados de saúde do paciente, história de vida do sujeito e família, informações sobre ambiente de trabalho, acadêmico, hábitos diários e outras informações que sejam relevantes na compreensão do caso.
É claro que para certas queixas existem protocolos com forte embasamento científico e que, quando seguidos, produzem melhora em um tempo previsto. Ainda assim, este tempo previsto pode ser menor ou maior a depender de fatores da pessoa, por exemplo, alterações metabólicas, nível de nutrição, necessidade de medicamentos, além de fatores interpessoais e até políticos, como rede de apoio familiar, políticas públicas para determinadas doenças etc.
Profissional liberal precisa dedicar um tempo ao marketing de seus serviços para continuar trabalhando e por isso vemos tantos anúncios de psicólogos (sem contar os terapeutas alternativos) nas redes sociais. Vivendo em uma sociedade tão agitada e que nos cobra o tempo todo por agilidade, pró atividade e resultados, é claro que tendemos a esperar estes mesmos fatores de uma psicoterapia. Contudo, o que não podemos esquecer ao procurar por serviços psicológicos é que seres humanos são complexos, diversos e a experiência de subjetividade (mundo interior) de cada um é vivida de uma forma.
Por mais que existam protocolos, estudos e evidências de tratamentos que funcionam em determinado número de semanas, isso não implica em resultados rápidos e certeiros para todos.
Psicoterapia é um processo que tem começo, meio e fim, porém o ponto final só saberemos ao longo do caminho, nunca antes de começar.
Para saber sobre Código de Ética da Psicologia:
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