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  • Renata dos Santos Bonatto

Todos deveriam fazer terapia?

Atualizado: 9 de out. de 2020

Esta é uma afirmação comum no cotidiano das pessoas. Há muitos benefícios em realizar uma terapia, mas dizer que todos deveriam fazê-la é uma generalização que desconsidera diversos fatores.

O processo terapêutico produz mudanças significativas naqueles que passam por ele, porém a maioria das pessoas consegue lidar com as dificuldades que encontram na vida e, mesmo que não apresentem comportamentos que nem sempre são os mais aceitos socialmente, conseguem se inserir nos grupos.


A afirmação de que todos deveriam fazer terapia acaba vindo da constatação de que muitas pessoas não costumam ser assertivas em sua comunicação, às vezes não sabem lidar com as emoções, não conseguem se colocar no lugar do outro, não respeitam certos grupos de pessoas, entre outros fatores considerados negativos pela sociedade no geral por prejudicarem a convivência entre as pessoas e a própria saúde física e mental do indivíduo.


É claro que ao passar pela terapia o sujeito aprenderá formas mais eficazes e saudáveis de se comportar no mundo, porém, às vezes o problema não está só na forma como aquele sujeito se comporta, afinal ele aprendeu a agir de tal maneira pois é o que a sociedade ensina. Tomemos de exemplo uma pessoa muito competitiva. Será que ela já nasceu sendo assim ou a competição é algo ensinado desde muito cedo pelos pais ao dizer “você tem que ser o melhor da sua turma”, “você tem que ser tão bom quanto seu irmão”, enfatizado pelas empresas ao darem bônus para quem vendeu mais de todos os vendedores, para quem trabalhou mais horas em comparação com os outros colaboradores, nos processos seletivos quando todos são comparados pela quantidade de idiomas que falam, cursos realizados, intercâmbios, trabalhos voluntários etc.

Da mesma forma que nossas interações sociais nos ensinam muitos dos nossos comportamentos que podem não ser os melhores para nós, elas também nos permitem aprender novas formas de lidar com o mundo. Existem situações em que, de fato, as pessoas se beneficiariam muito de uma terapia, principalmente quando percebemos que aquela pessoa só age de tal jeito devido a um trauma, perda significativa, doença, decisão muito difícil a ser tomada e até mesmo nos casos em que a criação dada pela família foi muito restritiva ou que os comportamentos por ela apresentados acabam provocando o distanciamento das outras pessoas.


Contudo, a maioria dos conflitos interpessoais pode ser resolvido pelas próprias pessoas envolvidas desde que elas estejam dispostas a se abrirem ao diálogo. Além disso, hoje temos muita informação de qualidade disponível que nos ensina formas de comunicação, meios de lidar com as emoções, como analisar situações. Fazer terapia é um processo enriquecedor, mas não é essencial para todas as pessoas, embora possa facilitar a vida em algumas circunstâncias. Outro ponto a se considerar é que existem formatos diferentes de atendimento psicológico, como os atendimentos pontuais do tipo plantão psicológico - ou consulta terapêutica, que costumam ser mais curtos e se propõem a ajudar o sujeito nas demandas latentes daquele momento. Existem também grupos terapêuticos que possuem um número combinado de encontros e até mesmo cursos que ensinam a lidar com questões relativas à comunicação, interação social, emoções, estudo, carreira.


Nem sempre a resposta para um problema que alguém apresenta será a terapia, mas caso seja, não espere o problema se agravar para buscar ajuda para si mesmo ou para quem você quer ajudar.



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